quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Ricardo Araújo Pereira - De fedorento a estúpido...



Sou um sportinguista assumido. Sem medos, rodeios, fanático e com muita adrenalina sempre que o Sporting joga. Consigo vibrar com cada golo marcado e sofrer com cada derrota. Durmo melhor se ganhamos e nunca gostei do acordar após uma derrota. Discuto, argumento e tenho sempre uma palavra para acender uma conversa com todos os meus amigos benfiquistas e portistas. Sou irracional por vezes. Estúpido muitas vezes. Mas sou eu...na minha pequenez de adepto fervoroso. E sou pai. De dois sportinguistas. Que o são, e muito, pelo que o pai é . Orgulho-me disso. Deve ser triste ser como eu e ter filhos de outro clube que não este. Conheço algumas derrotas paternais neste domínio e consigo entender essas dores. Mas filhos são filhos.

Até posso na minha pequenez dizer alarvidades como “dormem num anexo se forem lampiões” ou algo pior. Já o disse. Mas ficou na pequenez da minha sala e do meu grupo de amigos. E acho que os meus próprios filhos têm noção da estupidez que encerra qualquer declaração deste género. O futebol é assim e faz isto.

Agora se eu fosse uma figura pública, por muito odiada ou amada, consensual ou ignorada, não teria qualquer problema em revelar a minha profunda admiração clubística, mas teria, necessariamente, alguma contenção. Deixar a pequenez da minha sala, onde as minhas enormidades ficam para os presentes, para extravasar publicamente idiotices de fervoroso adepto idiota envolvendo, ainda por cima, uma orientação dos meus filhos estaria para além do limite do razoável ou da piada ingénua.

Ricardo Araújo Pereira, o eterno Gato Fedorento que tanto admiro, passou de fedorento a estúpido com uma declaração infeliz. Afirmar publicamente, ainda para mais numa cerimónia de entrega de prémios de uma associação homossexual, que preferia que as suas filhas fossem lésbicas do que do Sporting é entrar num domínio de profunda imbecilidade. E Ricardo até gosta de parecer inteligente. Tem a mania que conhece muitos autores e cita frequentemente uns quantos. Tem a mania que é político e que basta dizer umas graçolas a criticar tudo o que os políticos fazem para se parecer mais culto, erudito, informado e atento. Pois a mim parece-me que tanta leitura o confundiu e tantos livros o deixaram baralhado sobre regras básicas do que a popularidade encerra enquanto termo. A amplificação tem destas coisas e Ricardo deixou-se levar, como um miúdo de escola ingénuo, para um terreno complicado.


Perdoamos tudo a um humorista? Sim, claro. Mas nem tudo o que tem graça é engraçado e a fronteira de fedorento para estúpido também é ténue. Que aterrou do lado de lá, aterrou. Continuarei a ouvi-lo ou a vê-lo no seu território natural de humorista? Sim. Não deixou de ser excelente e um dos melhores na sua área, por muito que entenda que a sua melhor fase já passou. Que deixarei de o ouvir fora disso? Claro. É só um imbecil...

Cristiano Ronaldo - Balon D'Or 2013



Acho hilariante a contestação feita aos sportinguistas pelo facto de regozijarem e de recolherem créditos pelo facto de Cristiano Ronaldo ser considerado, pela segunda vez, o melhor jogador do mundo. Parece-me incontestável que um clube que formou um jogador durante 7 anos recolha créditos pela sua performance futura. Parece-me também incontestável que nenhum clube português tem, actualmente, capacidade para dar visibilidade suficiente a um jogador para que ele seja distinguido com este prémio. Se olharmos para a lista de clubes premiados, reparamos que nenhum clube português figura nessa lista, nem mesmo o Benfica de Eusébio. Só o Barcelona e o Real Madrid têm, em conjunto, 16 distinções para jogadores seus. É outra realidade que temos de assumir e só os adeptos do Benfica, na sua eterna glorificação bacoca é que continuam a acreditar que é possível atingirem esse feito, como aliás, tantos outros que fazem parte do imaginário alucinogénio coletivo que impera por aquela freguesia do concelho de Lisboa.

Dizer que o Ronaldo só se fez jogador depois de ingressar no Manchester United aos 19 anos pressupõe que este clube inglês seja uma máquina de talentos e que ganhe este prémio todos os anos. Pois bem, o Manchester só ganhou este prémio em toda a sua história uma única vez. Em 2008 com...Cristiano Ronaldo. Pelo que, o talento já lá estava quando ele ingressou no clube após 7 anos de formação contínua como homem e jogador em todas as suas vertentes de jogo. Que engrandeceu e teve maior visibilidade em Inglaterra, parece-me óbvio, mas ignorar isso é ignorar que a Liga Inglesa é um palco como muito poucos, ao ponto do Benfica se ter endividado para comprar os direitos da liga inglesa para ter alguma oferta de jeito no seu canal do clube.


Enquanto sportinguista tenho uma enorme orgulho em Cristiano Ronaldo e um orgulho ainda maior de o ter visto jogar de leão ao peito. O seu sportinguismo também me parece inquestionável em todas as declarações que faz. Não me choca a eterna glorificação bacoca do Benfica nem o desprimor com que olham para tudo o que não seja vermelho mas, como nem tudo o que reluz é ouro, nem tudo o que não é vermelho é mau. E Ronaldo é verde e bem verde e o melhor do Mundo. Temos pena e aceitem isso sem levarem tão a peito o facto de a nossa academia ser a única do mundo com dois jogadores premiados como Melhor Jogador do Mundo, algo que está a léguas da vossa compreensão.
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