sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Carta aberta a Thom Yorke

Caro Thom,

Ambos sabemos que esta carta estava há muito para acontecer. Tenho protelado sempre na expectativa que voltes a ganhar juízo e a produzir de novo alguma coisa de jeito que se consiga ouvir. Mas como insistes em andar a brincar aos sons e colar barulhos de aspirador com caldeiras a vapor, a minha paciência esgotou-se e é desta que recebes a carta.

Começo por dizer que, para mim, neste momento não passas de um valente anormal. Se quiseres, soletro, a-n-o-r-m-a-l. Como é que alguém capaz de compor e produzir três dos melhores discos de sempre, que constam da minha restrita lista de melhores álbuns dos anos 90, conseguiu posteriormente só escrever trampa e música para embalar pistons de automóveis (o que reconheço não ser fácil pela quantidade de óleo que circula entre o piston e a bombina, tornando-o irrequieto)? Como é que alguém dotado de uma genialidade musical única se transforma num costureiro de sons, que nem uma baínha sabe fazer?

E deixa-me dizer-te mais uma coisa. O facto de renegares os discos que te trouxeram fama, ao ponto de ignorares nos concertos musicas como Creep, High & Dry ou Karma Police, apenas para referir uma música de cada uma das obras-primas que produziste, ainda faz de ti um maior anormal. Se nunca tivesses escrito essas músicas, actualmente serias, quanto muito, cabeça de cartaz da Ovibeja e andavas a animar ovelhas com os teus sons esquisitóides. E talvez alguma cabra que por ali andasse. Todos sabemos que o baixo alentejo é todo muito igual e mesmo uma cabra consegue desorientar-se e andar a chocalhar por prados alheios até a assustares de morte com os teus aspiradores e caldeiras.

A diferença entre o que fazes hoje e o que fizeste no passado é tal que até arrepia o médico do Michael Jackson (e olha que ele estava habituado a muito estupidez ao ponto de entupir o Black&White de coisas ainda por testar e que deu no que deu...). O que fazes hoje seria como se o Steve Jobs, em vida, não agora como é óbvio, quisesse lançar colchetes altamente revolucionários para acabar com o drama dos fechos éclaires. E mesmo que chamasse àquilo iColchete, as pessoas não iriam entender porque raio o Steve Jobs agora produzia colchetes e não materiais tecnológicos avançados capazes de mudar a nossa vida. E ninguém quereria entrar numa Apple Store e ver carretos de linhas, agulhas e colchetes, porque isso não faria sentido. 

Como não faz sentido o que fazes hoje. Percebeste agora o quão anormal és?

Pela última vez, vê se acordas e voltas a escrever música e deixa de ser parvo. 

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