Este bem pode ser o ultimo post deste blogue. Depois do que vou escrever, corro o risco de o meu computador ser destruído ou de ter uma manifestação à frente do teclado que não me deixa escrever.
Em 1965, John Lennon disse que os Beatles eram mais famosos do que Jesus Cristo e foi obrigado a justificar-se publicamente depois de vários protestos e queima de discos. Em 1970, Andrew LLoyd Webber viu a sua ópera rock, Jesus Chris Superstar, ser proibida e boicotada em alguns países. Em 1988, Martin Scorcese teve inúmeros problemas com a Última Tentação de Cristo, ainda hoje banido em alguns paises, como as Filipinas e Singapura. Em 1989, a controvérsia à volta do tema Like A Prayer de Madonna fez com que o próprio Papa proibisse a cantora de sequer entrar em Itália. Em 2004, Mel Gibson praticamente arruinou a sua carreira depois de ter escrito e realizado A Paixão de Cristo.
A tolerância religiosa não é apanágio das culturas ocidentais. Temos a mania que somos muito tolerantes, mas ainda temos alguma dificuldade em aceitar obras que toquem, mesmo que ao de leve, em temas sagrados. Até mesmo no nosso cantinho à beira mar plantado somos uns obtusos de primeira. Criticamos uma edição da Playboy que, supostamente, homenageava Saramago, mas recebemos de braços abertos uma actriz porno no nosso Parlamento, que saíu do hemiciclo para dar um espectáculo de pura magia sexual no Coliseu...
Agora, uma coisa é termos a liberdade de reclamar e mandar umas bocas de desagrado. Outra é sentenciar de morte e começar a atacar à paulada e a matar embaixadores só porque alguém se lembrou de criar um filme estúpido de sátira ou publicar uns cartoons ofensivos a um profeta. A tolerância aqui nem se põe, até porque é um termo desconhecido.
Nós, ocidentais, quando nos lembrámos de proclamar a nossa fé, também andámos à paulada, mas montados a cavalo e com umas espadas. Agora proclamar a fé armados até aos dentes e sentados em mísseis, é que torna a coisa mais perigosa. Estes radicais da fé de hoje não se sentam a uma mesa nem querem talheres. Alarvam de boca cheia, comem com as mãos e ainda rebentam com o estaminé se a comida não for boa. E se ficar um deles lá dentro porque tinha ido à casa-de-banho, ainda tem direito a 70 virgens no céu...
Enquanto católico, quero lá saber se um muçulmano me pinta o Cristo de pernas para o ar a fazer malabarismo com os apóstolos. E mesmo que isso me irritasse, não iria bater à porta de um vizinho meu qualquer, só porque é muçulmano e afiambrar-lhe umas lambadas e insultá-lo de tudo.
Ou esta gente tem um déficite gigante de fecundação ou tempo livre a mais.
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