terça-feira, 4 de setembro de 2012

Tony Scott e Top Gun



Morreu o Tony Scott. Tenho lido algumas coisas sobre a trágica morte deste realizador americano e, sobretudo, as críticas dos mais cinéfilos ao facto dos meios de comunicação social só associarem a sua vasta obra a um filme: Top Gun. De facto, Tony Scott foi responsável por inúmeras outras obras, entre filmes, séries, documentários mas, perdoem-me os astros da sétima arte, mais nenhuma com o alcance de Top Gun.

Quem, como eu, teve a felicidade de viver a adolescência nos anos 80 consegue perceber o alcance de Top Gun e a importância da obra em vários níveis. A indústria têxtil tem muito que agradecer a Tony Scott pela proliferação de venda de blusões de cabedal manhosos carregados de insígnias de aviação que de repente inundaram os armários dos jovens e encheram as ruas de oficiais da força aérea. Ao mesmo tempo, a Ray Ban viu os seus modelos à Tom Cruise saírem da prateleira directamente para a face de jovens imberbes sem carta de condução mas com brevet de pilotagem de caças.

Mas, mais importante, Top Gun introduziu o conceito de MILF. Não sou dos que pensam que esse conceito nasceu com o primeiro filme da saga American Pie. Em Top Gun, Tom Cruise enrolava-se com uma Kelly McGillis que parecia a mãe do melhor amigo de Tom, tal a diferença de idades que parecia emanar entre os dois. Ninguém deu crédito a Tony Scott por validar este casting e por fazer com que todos nós, adolescentes a borbulhar, começássemos a olhar para as mães dos nossos amigos com outros olhos, montados nas nossas Yamaha DTs, todos artilhados de blusão e óculos de aviador, prontos a rasgar um cavalinho com a velha atrás bem agarradinha.

Top Gun pode não ter agradado e, de facto, só arrecadou um óscar, para melhor canção original com o clássico Take My Breath Away, composto por Giorgio Moroder e interpretado pelos Berlin, essa banda mítica liderada por Terry Nunn, uma loura que queimou as pontas do cabelo numa churrascada em Los Angeles.

Por tudo isto, honras sejam feitas a Tony Scott que, para mim, poderá e deverá ser sempre imortalizado para memória futura como o mestre por detrás de Top Gun, sem que isso belisque, bem pelo contrário, a sua reputação de grande cineasta. Obrigado Tony!

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